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Ano 2 - Nº 19 - Ubatuba, 18 de Abril de 1999
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· Agora vai!
  Cidadãos de Ubatuba... Tremeis!

    O Guaruçá
    guaruca@hotmail.com

Estamos a presenciar o início de uma nova ordem na administração de nosso município. A palavra da vez é: Realização. E fomos surpreendidos neste começo de ano com uma nova dinâmica da máquina pública.

Tomamos conhecimento pelas rádios e jornais das entrevistas e explanações sobre os planos e projetos para município. Ubatuba vai virar um canteiro de obras. Cresceremos quatro anos em dois. Ufa! Já ficava sem ar de tão eufórico. É que essa animação contagia.

A jóia da coroa é o "Mutirão" que alguns teimam em chamar de "Mentirão". Sabe-se lá porquê. Observando mais de perto, num angulo diferente das lentes dos jornais e das ondas dos rádios, veremos que esse mutirão consiste em limpeza de valas, capinagem de mato, recolhimento de entulho, passagem de máquinas nas ruas, pinturas de guias, atendimento de saúde.

Rio Lagoa - Itaguá - Foto: © Miguel Angel
Bem... mesmo a visita dos agentes de saúde aos bairros é responsabilidade, não benfeitoria. E querem nos obrigar a bater palmas pelo cumprimento da obrigação. Interessante ou deplorável? Como se os de plantão temporário na prefeitura nos fizessem algum favor laboram gratuitamente, sem interesses pessoais. E não é o que acontece. Pelo contrário, recebem o nosso rico dinheirinho suado e que vai encurtando sempre a espera da nova temporada de verão cada vez com mais gente e menos grana, já que a cidade é desprovida da infra-estrutura necessária para o atendimento de turistas com maior poder aquisitivo. Que tal degustar um belo churrasco ou camarão próximo ao rio, no Itaguá, com aquele cheiro "vintenário" de cocô?

E daqui a pouco já podemos até ver a matéria: "Prefeitura realiza mais um pagamento de salário dos funcionários!" É mole, ou querem mais?

Essa "filosofia" é interessante. Se deixa o bairro um bom tempo sem os serviços básicos e quando a coisa estiver bem ruim com o pessoal reclamando bastante se vai lá com um mutirão. Algo parecido com aquela de "criar dificuldades para vender facilidades."
Afinal, assim como o mico-leão, a onça pintada, o turista, temos alguns novos espécimes em extinção: as margaridas (para quem não sabe, são aquelas senhorinhas varredoras das ruas), os calceteiros (aqueles que vivem arrumando o calçamento) e outros mais.

Talvez, se deva a falta de verba para contratação de pessoal. Quem sabe com uns três mil funcionários se resolva o problema. Prepare o bolso que aí vem coisa. Quem ler a matéria do jornal "A Cidade" da última semana de março onde foi publicado o quadro de funções e cargos da Prefeitura observará que pode até faltar índio. Mas o que tem de cacique! Já que citamos o jornal convém atentar para a matéria assinada pelo dr. Roberto Mamede Costa Leite, na página 13, edição de 10 de abril: "Falsificação, fraude, impunidade" que termina assim: Não dá mais para suportar que, em Ubatuba, prevaleça o mau exemplo da "FALSIFICAÇÃO E DA FRAUDE PREMIADOS COM A IMPUNIDADE."

Como estou de regresso de mares nunca dantes navegados, um caranguejito pálido e sem serventia como afirmam as antonietas da vida, imploro a quem de direito, se de fato existe, que me elucide. Terminará tudo em pizza com sabor de maracutaia e aquele cheirinho do Itaguá? Antecipadamente agradeço e assino, a contragosto, um cidadão temporariamente otário. Será? Seremos? Até quando?

Enquanto isso, pelas ruas da cidade escutamos o comentário das pessoas (de todas as classes, viu!) de que estamos na beira do abismo. E o medo maior é que algum assessor, chefe, coordenador etc. no calor do discurso diga a mortal frase: "Ubatuba vai dar um passo à frente!"

Como não dá mais para ficar indignado senão vai acabar dando chulé até em pé de mesa, fico engasgado e procuro o Nhô Tico, na hora grande. E o danado do velho escolhe justamente a boca do rio, no Itaguá para o encontro e sapeca:

"primeru lugá Guaruçá num sô véio, sô antigu, du tempu qui as pessoa tinha vergonha na cara. I marquei u incontru cum ocê justamenti aqui prá dizê u qui ocê nem ninguém di Batuba gosta di iscuitá: Num dianta ficá dandu vorta prá fugi du cheiro, eli já tá tomandu conta di tudo i di todos. I si o ocê qué sabê ieu achu qui a turma inté gosta i vai senti farta quandu acabá. Us restaurante da bera du rio num tá sempri cheio di genti cumendu cum cheiro forti i tudu mais? A turma gosta, Guaruçá, só sunsê qui num reparô. Ocê num mereci mai io tenhu qui profetizá prô cê qui daqui um tempu ocê vai vê nas propaganda: visite Batuba, si divirta i disfruti du nossu cherinho legar. Levi as criança prelas já ire si acostumandu. Fai muito bem prá saúde, fai nascê cabelu i inté ativa as parte sexuar. Inté a próxima Guaruçá!"Fim do texto.

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