Aí acordamos e fomos tomar café assistindo televisão. Não tinha um canal, pela manhã (05/06), que não estivesse falando sobre o adiamento do julgamento da Suzane Richthofen. No "Hoje em Dia", do Brito Júnior, Ana Hickman e Edu Guedes, exibido pela Rede Record, estava o advogado da moça, não fiz nem questão de gravar seu nome. Não sei como há pessoas que têm a coragem de pagar muito dinheiro para esses "caras", por uma defesa. Eles são burros! Como uma pessoa que conhece leis, que deveria servir para defender a sociedade, tem ousadia - porque essa é a palavra - de ir à televisão dizer absurdos, só absurdos. Não consigo nem narrar qual deles foi o maior. Que ele vencerá por ser o júri formado por mulheres, que a mulher está num nível 10 de submissão ao homem, inclusive quando o assunto é matar os pais ou se é a piada de que a Suzane é mais bonita que a Ana Hickman. Difícil, não? Juro que passei um tempo do meu dia tentando decidir. Quando me apaixonei pela primeira vez, minha mãe foi contra o namoro. Confesso que tive coragem de me sentir desmembrada da família Castro. Mas imagina que o garoto teria poder suficiente de me manipular a ponto de eu matar meus pais. E eu era adolescente. Tenho a mesma idade que a Suzane e não encontrei paixão que me fizesse pensar em tal coisa. Agora, para o tal, todas as mulheres são capazes disso, inclusive a Ana Hickman. E bem fez a bela de perguntar a ele se sua mulher e filha se encaixam nessa "tese". "Claro que não!", foi sua resposta. É claro que não, como podemos ter pensado isso? A corrupção é uma característica do Brasil. Porém, não acredito que, se houvesse a possibilidade de cada júri receber R$ 1 milhão, nem assim ele se venderia. Laços familiares têm valor incalculável e todo mundo sabe disso, mesmo quem tem problemas em casa. Se nem por dinheiro, acredito, o júri se sentiria atraído para inocentá-la, imagina pelos argumentos machistas do tal. A Ana se indignou, mas permaneceu educada. Em algum momento achei que ela fosse mandar o "cara" tomar lá. Era visível seu desconforto com o machismo do tal. O Brito Júnior "segurou a onda" e seu profissionalismo deu tapas com luvas de pelica no tal. O Edu chorou ao vivo. Achei bacana. Não tinha melhor forma de representar a população indignada, que chora com certas coisas. Tudo que o tal disse foi um absurdo. Mas a pior de todas as bobagens foi comparar a Ana com a Suzane. Falta-lhe mais que pernas para chegar ao nível dela. É até engraçado. Que país é esse? Nota do Editor: Eliana de Castro é jornalista.
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