Deus nos deu um mar translúcido Fizemos um mar de lamas Saudades, conquistas e desditas, em longas e heróicas viagens Ao mar, um dia o homem se fez. Sargaços, calmarias, grandes conquistas e pescarias. Tudo é mar de Deus, para alguns só contam suas riquezas! Esgotos, peixes mortos e putrefatos. Mar paria, concebido, um pouco a cada dia, pelos que deles se locupletam. Tantos heróis, reais ou fictícios, erigiram suas sagas em embates titânicos ao mar. Ulisses, Simbad, Nemo, Colombo, Cabral e também nossos humildes caiçaras, cuja sina sempre foi navegar. Honraram e respeitaram os mistérios e sortilégios que contém e ficam escondidos nas entranhas deste impávido colosso azul, temperado de sal!
Mar virado, mar revolto, encapelado, grosso, manso, sereno Mar de Deus! Mar podre, mal cheiroso, berçário da morte, triste, plúmbeo, Mar dos homens sem humanidade, que por ninguém se enternece, Ó Deus
Salve o mar que outrora tivemos Afasta o mar de lágrimas, produto final da ambição desmedida Restabelece de vez, seu apoteótico mar de ardentia, com lendas, costumes, folclore e poesia, especialmente, ainda uma vez, permita Senhor, viver, o homem simples caiçara, que de seu, no plano material, nada tem. Concedendo-lhes redes fartas de cangauá, galo, maria-mole e palombetas! Para todo o sempre, lhes concedei! Ó glorioso, pai celeste, do mar e da terra, Amem!
Nota do Editor: Aládio Teixeira Leite Filho é natural de Ubatuba e se auto-intitula: "um escrevinhador caiçara".
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