Vejo mesmo que não sirvo pra político, ou se sirvo, não é de artimanhas alvissareiras demagógicas que serei bem-sucedido. Pelo menos a proposta do projeto “O vereador que dar”, não colou para o amigo Elcio, que já integro aos “Bebum” das terras de Coaquira e de Cunhambebe, que, aliás, tem toda razão. Elciobebe, obrigar alguém a dar é além de tudo antidemocrático, e levando em conta que quem mais dá nesse país é o político em época de eleições, e pelo que vemos, o que eles “dão” supera em três, quatro vezes mais o salário que iriam ganhar em quatro anos de mandato. Isso é fabuloso! Muitos se arrebentam nessa investida e outros estão aí, continuando a dar. E no mundo político o ditado: “É dando que se recebe”, é mais do que certo e acho até que esta frase foi criada pelo Sarney, que de tanto dar, é hoje o dono do Maranhão, do Amapá e se duvidar tem a metade do Amazonas. Elciobebe, vou te contar uma história. Eu vi nessa minha terra, o folclore, as festas religiosas e profanas, danças, músicas... acontecendo de forma espontânea e esplendorosa. De repente, como se eu estivesse acordado de um sono profundo, tudo acabara; não tinha mais dança de boi-bumbá, folias de Reis, do Divino, dança da fita, congadas, carnaval, festivais de música, enfim, a riqueza cultural e a identidade do povo, como luz de candeeiro, foi se apagando. Extinguiu-se tudo? Não, está apenas adormecido ou esperando um resgate. Ubatuba é do tempo de Cabral, e com as histórias, os personagens, as lendas, as músicas, os artistas... que temos aqui era pra Ubatuba ser, além da “Capital do Surfe”, das praias, dos pássaros, da beleza natural, ser também a capital da cultura, do folclore, da arte nacional. É lógico que não podemos abraçar tudo, mas quando se ouve falar de um festival de cultura popular, onde a própria cidade não tem o que apresentar... Estamos na contramão do progresso, na contramão do desenvolvimento turístico, na contramão do desenvolvimento social e vemos, principalmente nos bairros, crianças e jovens crescendo sem formação cultural, artística, profissional nenhuma. Juntando-se a isso, se você Elciobebe, ver todas as pautas das sessões de câmaras dos últimos cinco anos, verá que a quantidade de moções honrosas, instalações de luminárias, orelhões, nome de ruas, é muito maior do que projetos de cunho cultural... É necessário? Pode ser! Mas muito pouco se aprovou de projetos como esses “alvissareiros e demagógicos” que eu descrevi. Agora! Sei muito bem que também não é assim da forma em que coloquei, ou melhor, que joguei no ventilador. A coisa é mais séria! É de querer, de discussão, de planejamento, e por fim de execução. Vamos conversar? Sento eu, senta você, senta secretário de Educação, de Turismo, de Cultura, sentam estudiosos e catedráticos, senta a sociedade. Vamos acordar a cultura caiçara! A chama dos candeeiros dos foliões, dos cantadores, dos artistas nunca se apaga, apenas precisa ser regada com extrato de nogueira, gordura de baleia ou mesmo querosene (apoios e incentivos são necessários). Então meu amigo Elciobebe, antes de querer “dar”, tem que sentar. Sentando é que você pode dizer que “deu”. Agora, ter gostado de sentar e de dar, já é outra questão. Um grande abraço, e seja bem-vindo às terras do Dudubebe e sua tribo. Julinho Mendes julinhomendes@terra.com.br
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