Conversa (des)afinada
"Seja com [José] Serra ou com Aécio [Neves], a estratégia montada para a Dilma vai ser a mesma. Nós queremos uma campanha polarizada, com dados comparativos dos dois governos", disse Lula sem citar o antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Há um pequeno erro proposital no pensamento do NOSSOPRESIDENTE. O novo governo não será uma ’colocação de aspas’. Um eventual governo Serra não será a repetição do governo FHC, assim como um governo Dilma não repetirá o governo Lula, sem entrarmos no mérito desses dois períodos, cujo cotejo parece ser a viga-mestra da campanha petista. Há uma razão muito simples. Serra possui uma personalidade forte e, mesmo durante o governo FHC, deixou claras suas discordâncias. Já, Dilma, apesar de sua aparente docilidade, não encontrará a bonança mundial que alavancou o governo do seu padrinho eleitoral. Surfar em restos de marolinha é, convenhamos, uma experiência inédita. Se Lula demonstrou ingratidão em relação àquilo que seus áulicos chamaram de ’herança maldita’, o sucessor de Lula terá de se virar com as bombas-relógio deixadas pelo governo do PT. Quem viver verá. De qualquer maneira, só teremos uma única resposta quanto ao comportamento de um deles no cargo de comandante supremo. Lamentável além de intelectualmente desonesta essa tentativa de transformar a campanha numa espécie de PT x Resto do mundo.
Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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