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COLUNISTA
Evely Reyes
13/06/2013 - 09h00
O lado negro dos fogos de artifício
 
 
Evely Reyes 

A Baleia é uma das cachorras da ninhada que recolhi próximo ao trevo da Estrada da Casanga, em Ubatuba, há mais de dezesseis anos. Seis dos filhotes conseguiram lares adequados ao serem levados para a Feira de Adoção da Praça Treze de Maio, mas Baleia e sua irmã Pini resolveram me adotar e desde então ficaram morando comigo.

Baleia com toda sua idade têm quatro dentes na boca e não enxerga muito bem. Ela me preocupa nas ocasiões em que são realizados jogos de futebol ou algum grande evento, pois as comemorações sempre são acompanhadas dos fogos de artifício.

É só começarem os estouros e ela fica desesperada, com o coração acelerado, ofegante e aquele olhar assombrado. Aliás, todos os cães e gatos daqui de casa ficam agitados, mas ela é quem mais sofre com essas ocorrências.

É necessário que eu a tranque num quartinho isolado, pois é a única maneira de minimizar seu pavor, uma vez que ali o som não chega com tanto impacto.

Pesquisando a respeito e pela própria experiência com os bichos descobri que a audição desses animais é muito mais sensível que a dos seres humanos. Estes podem perceber sons numa frequência de até 20.000 Hz, enquanto cachorros ouvem sons de alta frequência e de baixo volume, de 10 a 40.000 Hz e os gatos captam as frequências altas com mais intensidade do que as baixas, e chegam a 65.000 Hz, superando até os cães.

Ao ocorreram explosões das bombas, pela aguçada capacidade auditiva os bichos se assustam com os tais barulhos e muitas vezes vivenciam uma reação de medo.

Na hipótese do animal estar bem próximo do local onde foi detonado o artefato, existe a probabilidade de seu tímpano sofrer uma ruptura ou laceração e sua audição ficar comprometida.

Mas, independente da distância, a fobia será imensa e os sintomas os mesmos: ansiedade, tremores e taquicardia acompanhados de choro, latidos e uivos, quando não resultam no caso extremo do óbito.

Se o bicho for cardíaco, filhote, idoso ou epiléptico pode sofrer convulsões, infartos etc., como consequência do estresse dessa nova circunstância a que seu organismo alterado necessita se adaptar.

Fico penalizada ao imaginar aqueles que vivem nos matos, em regiões rurais, tão distantes de nós que vivemos nas cidades. Gatos do mato, macacos, quatis, gambás, lagartos, morcegos etc. que padecem e morrem anônimos, sem que alguém tome conhecimento disso.

Situação infeliz também é a dos animais de rua, que ali se encontram por terem sido abandonados e que não têm onde se esconder ou a quem recorrer.

É um quadro bem triste e somente quem tem bichos pode entender o problema.

Mas, para angústia dos amantes da Natureza, grupo no qual me incluo, existem seres que sofrem em maior número: são as aves.

Segundo consta, estas compõem o maior contingente de vítimas e superam os animais domésticos em número de lesões e óbitos. Ficam desnorteadas e trombam nos obstáculos, nos vidros ou morrem do coração.

Independe se há só o clarão ou também a explosão, pois o tormento para eles é o mesmo.

Mas, o Brasil transmite a sensação de não se preocupar com os males que esses artefatos acarretam, pois é o segundo maior produtor do mundo, somente perdendo para a China, onde há 2000 anos foi iniciada a tradição da queima de fogos.

Demonstra o país desconhecer a imensa gama de poluição tóxica que se espalha após o lançamento do explosivo, através da fumaça e poeira que contêm metais pesados compostos de enxofre, carvão e outros produtos químicos nocivos à saúde humana, entre eles o Estrôncio, altamente perigoso, e o Bário, que proporciona aos nossos olhos aquela cor verde brilhante, linda, mas tão radioativa e venenosa.

Doenças respiratórias, outros problemas de saúde, contaminação da água, chuva ácida e poluição ambiental é o que nos espera assim que inúmeras partículas de dióxido de carbono (C02) são liberadas, além da poluição sonora que pode chegar ao limite da dor, com 120 decibéis.

Muitas são as queimaduras, as perdas de visão e as deficiências auditivas decorrentes da soltura desses artefatos, assim como é sabido que uma entre dez pessoas que os manipulam, têm seus membros amputados.

O material das bombas não é aceito pelas empresas recicláveis, em razão do temor de que alguma parte dele não tenha sido detonada. A saída que se costuma dar para esse impasse, portanto é o abandono na Natureza de mais um poluente!

Pois é, sempre explico a Baleia que esta situação ainda vai custar a ser resolvida, pois precisaremos de muita boa vontade e bastante divulgação para mudar o rumo das coisas, mas não desistiremos e nos encontramos lutando pela extinção dessas bombas horrorosas e tão daninhas.

Caso você esteja sensibilizado e queira se manifestar é só clicar aqui.

Coloque sua assinatura nessa petição e solicite a adesão dos amigos para que aumentemos mais e mais o apoio a esta causa de bom senso.

Torne-se membro do grupo aberto ABAIXO FOGOS DE ARTIFÍCIO, do facebook, fundado por Jose Luís Soares ou visite “Fogos e Rojões nem pensar”.

Reflita a respeito, junte-se a nós!

Como diria Fernando Pessoa:

“Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena.”


Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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