Quatorze de Setembro de uma manhã chuvosa Reúnem-se formando um grande círculo Os tamoios das tribos caiçaras Estavam sentados nessa roda Os índios mais velhos e sábios Dos Tupinambás, dos Goitacazes E dos Tupiniquins Observados atentamente pelos curumins. Dia importante para ser lembrado. Tinha um homem branco José de Anchieta era chamado Estava ali para ser testemunha Do acordo celebrado. Cunhambebe, dos tamoios, o mais respeitado Apesar de um pouco gago, da palavra lança mão: - Quando o mundo era só noite e o dia foi presente de Tupã Nossos povos conviviam como primos e como irmãos Durante muitas e muitas luas Várias vezes em disputa nos enfrentamos Perdemos guerreiros lutando pela glória De seu espírito de luta ficar na história As perdas eram iguais, faziam parte de nossa vida Mantinham as terras de caça para alimentar a todos Mas isto foi antes, antes do homem branco chegar Para com suas armas de fogo qualquer índio matar. Agora estamos nos matando ajudados por portugueses e franceses Que não conhecem os motivos de nossas guerras antigas Que perguntam por ouro e pedras que brilham Que levam nosso pau-brasil para outras terras além do mar. Antes que o sol apareça e não encontre nenhum filho de Tupã Vamos nos unir e viver nossa vida em paz Deixando para nossos filhos e os filhos dos nossos netos Como viver nas terras cercadas pela serra e pelo mar. Dia virá que os homens das novas tribos Terão que voltar pra trás Buscando suas raízes e suas origens Para delas se alimentar... Todos os tamoios se olharam Concordando com Cunhambebe. José de Anchieta espalhou a notícia E puxou a sardinha pro seu lado... Porque enquanto Cunhambebe falava Ele desenhava na areia da praia Vendo aquelas lindas índias nuas Um poema à virgem...
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