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CULTURA
Congada de São Benedito do sertão do Puruba

MOÇAMBIQUE OU CONGADA DE BASTÃO

Sobre a existência do Moçambique em São Paulo parece ser a referência de Afonso A. de Freitas a que mais recua no tempo. Ao tratar das folganças populares comenta que "o hábito das danças e cantigas religiosas teve indubitável origem em São Paulo, no método Anchietano".

Observa que a Provisão de 1752, condenando o uso de máscaras e proibindo as danças nos cortejos religiosos, foi tardiamente cumprida e que no período de transição, albores do século passado, as danças já eram realizadas sem o caráter público e religioso de outrora e sem o concurso indistinto das diversas camadas sociais.

"As castas da população foram-se delimitando e detalhando-se os costumes até a extinção da promiscuidade de classe naqueles folguedos. Unicamente as congadas, batuques, sambas e moçambiques ainda se realizavam pelas ruas, de ordinário no Largo de São Bento ou junto às igrejas de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, após o recolhimento das procissões".

FONTE
Maria de Lourdes Borges Ribeiro - Caderno de Folclore

Congada ou moçambique são grupos formados pelos devotos de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, santos protetores dos negros. As congadas e moçambiques foram muito difundidas na região do Vale do Paraíba e mesmo com a industrialização dessa região existem ainda muitos grupos.

CONGADA CHEGA EM UBATUBA

A congada do Sertão do Puruba tem suas raízes presas ao moçambique da cidade de Cunha (SP), e essa por sua vez, a de São Luiz do Paraitinga, como mostra citação feita pelo pesquisador Emilio Willerms no Caderno de Folclore escrito por Maria de Lourdes Borges Ribeiro: "A moçambique chegou em Cunha através dos luizenses na década de trinta".

Em Ubatuba o surgimento dessa manifestação folclórica ocorreu na década de 40 no sertão do Puruba. Nessa época o espanhol Benigno Castro instalou na praia do Puruba uma serraria para beneficiar caxeta, madeira que havia em abundância no sertão purubano. Essa madeira, após seu beneficiamento, era levada para a praia do Ubatumirim em lombo de burros. De lá era transportada pela lancha Santense até Santos para a fábrica de lápis. Para a retirada dessa matéria prima foram contratados aproximadamente 150 homens, que na sua maioria vinham de Cunha, da região do Vale do Paraíba.

Como esse pessoal ficava acampado em pequenos ranchos naquele local, nasceu um laço de amizade entre os cunhenses e purubanos residentes na área. Segundo Pedro Brandão, nascido naquele sertão em 1920, a maioria desses trabalhadores vinda de Cunha pertencia a um determinado grupo de congada daquela cidade.

Nos fins de semana eles se juntavam aos purubanos e participavam das funções (bailes de roça), comuns na região. Entre uma talagada e outra de cachaça ou concertada (bebida típica caiçara), nasciam as prosas sobre festas e danças. Assim os purubanos começaram a se interessar pelas festas tradicionais de Cunha.

Por diversas vezes os purubanos saíam a pé pelas trilhas junto com os cunhenses e chegavam em Cunha para assistir as festas, nas quais se apresentavam as congadas e moçambiques. Assim os purubanos foram se entusiasmando com aquelas danças e resolveram criar também a congada no sertão do Puruba.

Os primeiros movimentos, versos (pontos) e manejos dos bastões, foram ensinados aos purubanos pelos senhores Zé Isidoro e Jorge Vergílio, mestre e contramestre na dança da congada de São Benedito de Cunha.

Os primeiros purubanos a comandar a congada foram os senhores Ditinho Alves, mestre, seu irmão Basílio Alves, contramestre, e mais Guilherme Pedro dos Santos, rei do congo, Marcolino Fernandes, general da congada e Francisco Paulo Fernandes de Cristo, capitão da companhia.

Com o falecimento do senhor Basílio Alves e a ida do seu irmão Ditinho Alves para Santos, onde fixou residência, a congada do Puruba passou por um longo tempo inativa. Somente na década de 60, outro purubano, senhor Fortunato, assumiu a direção da congada. De 1960 a 1978 a congada viveu seu auge, era solicitada para se apresentar nas festas populares do Camburi à Tabatinga. Em 1978 o senhor Fortunato foi vítima de um atropelamento na altura do bairro da Estufa, na BR-101, e veio a falecer.

A partir desse episódio a congada do Puruba, pela segunda vez, entrava em decadência, ficando desativada até 1987. Com o surgimento da FUNDART, Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba, criada para ser um sustentáculo da cultura popular no município, até então fadada a desaparecer, despontava uma nova aurora para a congada do Puruba.

Em 1987 a congada do Puruba voltava ao cenário folclórico apresentando-se em todas as festas populares em Ubatuba, tendo a frente um novo comandante, senhor Benedito Fernandes, filho de Francisco Paulo Fernandes de Cristo, antigo capitão da Companhia de São Benedito na década de 40, quando da sua fundação, e que permanece até hoje.

Um dado muito importante que ocorre nas Companhias de Congada e também Moçambique é que esses grupos folclóricos geralmente são formados dentro de uma família e essa tradição também foi mantida em Ubatuba, pois a Companhia da Congada de São Benedito do Sertão do Puruba, desde sua criação, é formada por uma grande família de purubanos.

    No resplendor das estrelas,
    Resplandece a Ave Maria.
    A lua resplandece a noite,
    O sol resplandece o dia.
    In Memorian

Ponto de congada em homenagem aos ilustres senhores purubanos, mestre Fortunato e contramestre Luizinho Fernandes.

FONTE
Sidnei Martins Lemes
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