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CULTURA
Dança da Fita

A Dança da Fita, manifestação milenar de origem européia, instalou-se em nosso país nos estados do sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, através dos imigrantes no século passado. Essa manifestação, segundo a Revista "Brasil - Histórias, Costumes", é uma reverência feita à árvore, após o rigoroso inverno europeu. Nas aldeias, os colonos, no prenúncio da primavera, realizavam a Dança da Fita para homenagear o renascimento da Árvore.

DANÇA DA FITA EM UBATUBA

Dança da Fita
Foto: Arquivo Fundart
Petrolina Maria de Góes, D. Pitiá, nascida em 31 de maio de 1923 na praia da Enseada, relata que assistia na sua infância a Dança da Fita sendo apresentada na casa do Sr. Benedito Henrique e do Sr. Valentim. A dança era apresentada no carnaval e dentro de casa. Segundo D. Pitiá, o Sr. Benedito Cabral aprendeu a dança com o Sr. João Vitório que, na realidade, foi o primeiro a organizar um grupo para dançar a fita na Enseada.

O Sr. João Vitório era um pescador famoso da Enseada e fazia muitas viagens para Santos com seus amigos para comprarem sal, carne seca, anil, querosene, pano e materiais para a pesca. Essas viagens eram feitas em canoas de voga (canoas com até 10 m de comprimento) com 4 a 6 remadores. Tudo indica que o Sr. João Vitório conheceu a dança da fita no litoral sul e a trouxe para Ubatuba.

Quando o Sr. João Vitório já estava com idade avançada, ele passou seus conhecimentos ao Sr. Benedito Henrique, que junto com Joaquim de Góes, Antonio Henrique, Olímpio, Eupídio, Joaquim Firme de Souza e mais os tocadores de violas Antonio Campista, Juca Campista, Cipião Campista e Licínio, moradores da praia do Perequê-Mirim, deram continuidade a Dança da Fita.

DANÇA DA FITA CHEGA AO ITAGUÁ

Por volta de 1950 a Dança da Fita chegava ao bairro do Itaguá através do Sr. Joaquim Firme de Souza, um itaguaense que freqüentava a praia da Enseada. Conta D. Pitiá e também os irmãos Benedito Correia, o mestre Raposa (nascido em 2 de agosto de 22) e Maria Aparecida dos Santos, D. Mariazinha (nascida em 18 de janeiro de 26), que a Dança da Fita tinha sua própria música, uma marchinha acompanhada por violas. O grupo da Dança da Fita era formado somente por homens. Os jovens entre 15 e 17 anos se caracterizavam de damas e assim formavam os pares para a dança.

Quando os antigos dançadores deixaram de se apresentar, essa manifestação, até então de cunho carnavalesco, ficou por longo tempo inativa. Mas com a tradicional festa de São João, as crianças e adolescentes resolveram ressuscitar a Dança da Fita. Os ensinamentos foram passados pelo mestre Raposa, que os passou aos seus filhos Totinha, Haroldo e Stella. A última apresentação, segundo recorda mestre Raposa, foi no carnaval de 58 ou 59.

Quando a Dança da Fita passou a ser apresentada pelos jovens do Itaguá, algumas alterações já podiam ser notadas: as violas foram substituídas pelos LPs de música junina, a indumentária, que era branca, foi substituída pela roupa de chita e xadrez, muito usada na dança de quadrilha.

Com o passar dos anos o bairro foi perdendo suas características puramente caiçaras e mais uma vez a Dança da Fita saiu do cenário. A partir de 1980 a dança era apresentada vez ou outra pelas crianças do bairro nas festas da Capela de Nossa Senhora das Dores.

Em 1987 a FUNDART, com a proposta de resgatar a cultura no município, incentivou o ressurgimento da Dança da Fita, não apenas nas mãos das crianças, mas a reativação do grupo formado por pessoas antigas, como o próprio Raposa, Vergílio, Jango, Celeste, Delsinha e ainda, da segunda geração, Haroldo, Totinha, Stella, Elvio, Roseli, Mauro, Nina e Ieda. De lá para cá, a Dança da Fita tem participado de várias festas de Ubatuba.

A participação das crianças do bairro teve papel importante na recuperação da Dança da Fita. Os dançadores mirins, em sua totalidade, são descendentes dos antigos e a persistência deles em dançar fez com que os mais velhos voltassem a compor um novo grupo, anualmente liderado pelo mestre Raposa.

O QUE É A DANÇA DA FITA

A Dança da Fita é desenvolvida da seguinte forma: é colocado no centro um mastro chamado pau-de-fita de aproximadamente 3 m de altura com doze fitas, duas vermelhas, duas verdes, duas amarelas, duas azuis, duas rosas e duas azul marinho. Ao lado do mastro formam-se duas filas, do lado direito os homens e do esquerdo, as mulheres. Na cabeceira das duas filas fica o mestre e num sinal feito através do apito tem início a dança. O primeiro movimento é conhecido como preparação da terra para o plantio da árvore. No segundo movimento os dançadores cruzam as fitas, que significa a escolha da semente. No terceiro movimento inicia-se a semeadura. No quarto já se percebem as tranças formadas em um total de cinco trançados diferentes que simbolizam as raízes. Quando o mastro fica totalmente coberto pelas tranças, os adultos são substituídos pelas crianças que irão realizar a destrança. As crianças simbolizam as folhas da árvore. Quando termina o movimento executado pelas crianças o mastro é transformado simbolicamente em belíssima árvore, sendo este o final da dança.

Mestre Raposa ainda se lembra daqueles que formaram o primeiro grupo da Dança da Fita do Itaguá por volta de 1950: seu pai Augusto Bernardo (Velho Gusto ou Patera), Joaquim Firme de Souza, Sebastião Rita, João Parú, Tibúrcio e Vicente Ramos.

A Dança da Fita também é conhecida em outros países como (Dicionário do Folclore Brasileiro Câmara Cascudo):

· Baile de Cordon, Carxofa, Magrana e Baile de Gitanas, em Portugal;
· Danza de las Fitas, em Cataluña, na Espanha;
· Dança de los Minero, no Peru;
· Dança de los Matachines, na Colombia;
· Dança de las Listones, na Argentina;
· Dança de las Cintas, na Venezuela.

FONTE
Sidnei Martins Lemes
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