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EVENTOS
Festa de São Pedro Pescador

A comemoração ao Santo Padroeiro dos Pescadores na cidade de Ubatuba teve início no dia 29 de junho de 1923. Às 10 horas de uma sexta-feira com muito sol o padre caiçara Francisco Lino dos Passos celebrou uma missa no mar. Para tanto, os pescadores reuniram cinco, seis canoas grandes e amarraram uma à outra. Depois estivaram com grandes pranchões de madeira formando uma balsa, que foi fundeada utilizando-se pedras como poitas (âncoras). Essas pedras foram amarradas com cordas trançadas de cipó imbé, planta comum na região litorânea.

A balsa ficou fundeada em frente a chácara de propriedade do Sr. Gabriel Costa, onde existia um casarão colonial muito bonito com duas grandes castanheiras em frente. A localização desse casarão corresponde hoje à área em frente ao aeroporto.

Um fato interessante é que apesar das missas serem dedicadas ao Padroeiro Pescador, a imagem de São Pedro chegou a Ubatuba somente em 1942, trazida pelo padre alemão Hans Beil.

A princípio, as festas eram realizadas nas várias praias ou bairros localizados ao longo da costa do município. A novena, onde se rezava durante nove noites, terminava com o Dia de São Pedro - 29 de junho. Nesse dia não podia faltar uma "alvorada" ou procissão pelas praias e cada um levava em suas mãos um "fifó", que era uma tocha feita de bambu, embebida com azeite de nogueira. Após a alvorada, levantavam o mastro de São Pedro e armavam uma grande fogueira, onde a criançada lançava galhos do abricoteiro ainda verde, possibilitando uma seqüência de som em estalos.

Havia também os fogos, principalmente os "fogos de rabo", feitos com flechas de guapurubu. Um dos fogueteiros famosos foi o Sr. Jango Teixeira, avô do compositor Renato Teixeira.

A partir de 1923, a comunidade do centro também rezava a novena e era realizada a procissão e Santa Missa no último dia. Após a missa, o povo se juntava ao lado da Igreja Matriz e participava do leilão, arrematando as prendas doadas pela comunidade: caixa de goiaba, litro de vinho, bolo de mandioca, Até o início dos anos 60, a louvação à São Pedro acontecia também em frente aos ranchos de canoas, segundo o Sr. Manoel Hilário Filho, pescador nascido em 1908. Os pescadores, donos das redes, quando cercavam as tainhas, retiravam de cada cento uma tara (tainha grande) e doavam ao Santo. No final da tarefa era feito um pequeno leilão entre eles e com o dinheiro arrecadado, compravam rojões. No dia 29, ao meio dia, o sino da Igreja Matriz e das capelas dos bairros começavam a repicar e na porta dos ranchos os pescadores queimavam os rojões. Em alguns locais os pescadores abriam as portas dos ranchos e colocavam as canoas e tralhas de pesca do lado de fora.

A Festa de São Pedro sempre ocorreu no momento em que a pesca da tainha está no auge. Durante os meses de maio a julho, a tainha, proveniente do Rio Grande do Sul, faz uma migração na costa brasileira, passando por Ubatuba e possibilitando ao caiçara uma "abastança" (fartura) nas Festas de São Pedro. Daí a tradição de fazer a "sobrepau" (tainha assada sobre brasas, colocada em cima de galhos de goiabeira verde).

Encontro dos barcos para a procissão marítimaFesta de São Pedro
Foto: © Miguel AngelFoto: © Ricardo Faria

Já a Procissão Marítima, teve início somente em 29 de junho de 1954, uma segunda-feira, com poucos barcos mas uma quantidade enorme de canoas. Como era uma novidade, o povo se aglomerou na entrada da barra do Rio Grande, agitando lenços brancos, enquanto o foguetório anunciava a saída do andor que estava sendo levado pelo barco do Sr. Freitas.

Aos poucos esta tradição da procissão no mar foi se firmando, com barcos todos enfeitados com folhas de bambu e "coco pindova" e com bastante bandeiras de papel colorido. Atualmente o dia 29 de junho é feriado municipal e, neste dia, os pescadores trazem São Pedro em procissão da Igreja Matriz até a barra do Rio Grande, onde, já com seus barcos enfeitados, seguem procissão.

Um dos barcos leva a imagem do Santo e todos percorrem a baía de Ubatuba, onde é feita a Benção dos Anzóis. A partir de 1960 novos fatos foram introduzidos: o concurso da Rainha dos Pescadores, barraquinhas, danças de quadrilha etc.

A grande mudança da Festa ocorreu em 1977, quando se reuniram Colônia dos Pescadores, Paróquia Exaltação à Santa Cruz, Hotel Jangadeiro, Prefeitura Municipal e Sudelpa para organizar as festividades ao longo de quatro dias. A Comissão Organizadora convidou as entidades filantrópicas da cidade que armaram barraquinhas de comidas típicas e houve apresentação de grupos de congada, duplas sertanejas e o concurso para escolha da Rainha em um grande palco erguido no local. Foi criado também um restaurante para servir tainha assada, bobó de camarão e outras comidas com frutos do mar. Mas o ponto alto da Festa nesse ano foi a Procissão no mar que contou com a participação de mais de 80 embarcações e depois, a Missa Campal no Morro da Prainha, celebrada pelo Frei Alberto Bissoli.

A Festa de São Pedro Pescador, ao longo dos anos, foi realizada em diversos locais: na Ilha dos Pescadores, na Praça Exaltação à Santa Cruz, na antiga quadra de esportes na Av. Iperoig, na Praia do Perequê-Açú (em 1968 quando foi eleita Rainha dos Pescadores, Ortelina do Rosário da Praia do Ubatumirim), Praça Pedro Pescador ao lado do Rio Grande, Praça Anchieta e neste ano (1997) no aeroporto.

Em 1987, com a criação da FUNDART - Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba, a entidade passou a organizar a parte cultural da Festa, promovendo inclusive a corrida de canoas entre os pescadores e o levantamento de mastro com efígie de São Pedro na hora da missa.


TRADIÇÃO RELIGIOSA

Imagem de São Pedro
Foto: Arquivo FUNDART
São Pedro, cujo nome original era Simão, foi um simples pescador. Estando de a pescar, no lago de Genesaré, junto com outros pescadores, após uma fracassada pescaria, estavam a lavar suas redes quando encontraram Jesus. Contaram-lhe da fracassada pescaria e Jesus então recomendou-lhes que voltassem à pescaria. Ao lançar as redes, Simão (Pedro) e seus companheiros apanharam grande quantidade de peixe e foram até obrigados a chamar outros colaboradores. Após esse episódio. Simão, que passou a ser chamado Pedro, tomou-se um dos discípulos de Jesus, passando a ser um "Pescador de Almas".

Com a célebre frase "tu és pedra e sobre ti edificarei minha Igreja", Jesus nomeou Pedro chefe da Igreja Cristã, sendo Pedro considerado o primeiro Papa da Igreja Católica. Por anunciar a palavra de Jesus, Pedro foi perseguido, preso e crucificado de cabeça para baixo.

De acordo com o calendário religioso, o dia 29 de junho é o Dia de São Pedro e foi sempre muito comemorado em Portugal e Espanha, países cristãos e de muita tradição marítima.

São Pedro é considerado o Santo Protetor dos pescadores, viúvos, chaveiros, porteiros e das telefonistas.

Este texto tem depoimentos de:

    Manoel Hilário Filho
    Orestes Pereira dos Santos
    Catarina Prado de Oliveira
    Dalva Neves Fragoso
    Miguel Joaquim Isabel

FONTE
Euclides Luiz Vigneron (Zizinho) e Sidnei Martins Lemes
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