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PERSONAGENS
Bigode

Bigode - Foto: Arquivo UbaWeb
Foto: Arquivo UbaWeb
Antonio Teodoro de Souza, conhecido como Bigode (desde o tempo do prefeito Matarazzo, quando já ostentava um belo bigode), nasceu e vive até hoje no Perequê-Açú, em Ubatuba. Completou 61 anos no dia 18 de dezembro. Dos 20 filhos, 14 são vivos. Noras, genros e 19 netos completam a família dessa figura que tomou-se um dos maiores escultores de Ubatuba, com mais de duas mil peças espalhadas pelo exterior.

Nos anos 70, a ASEL - Ação Social Estrela do Litoral, sentindo o potencial artístico do então primitivo artesão, passou a dar-lhe apoio, incentivando-o a desenvolver sua arte, garantindo-lhe condições para produzir as peças. Foi dessa safra que surgiram aproximadamente trinta peças que se encontram hoje no acervo da ASEL e que serão leiloadas no próximo dia 8, às 19 horas, na FUNDART. É uma rara oportunidade de poder obter um valiosíssimo e único exemplar de um dos maiores escultores caiçaras, contribuindo, ao mesmo tempo, para as obras assistenciais da ASEL.

Numa tarde desse verão, Bigode falou sobre sua vida e seu trabalho:

P - Quando começou a esculpir madeira?
Bigode - Desde os sete anos que eu já fazia as coisas para mim. Já vendia, pra ganhar o pão. Fazia tamanco, colher, até o prato de madeira eu fazia.

P - Quem ensinou o Sr.?
Bigode - Ninguém, aprendi sozinho. Usava vários tipos de madeira, cacheta, guirana, urucurana. Papai não queria que eu fosse escultor. Queria que eu estudasse. Eu não sei ler nem escrever.

P - Alguém o incentivou nessa idade, ou percebeu que o Sr. tinha talento?
Bigode - Meus tios diziam que "o menino tem uma idéia que é uma coisa louca". Eu tinha medo do papai. Eu pegava a faca e escondia o trabalho no mato. Aí eu fugia da escola. Depois de homem é que passei a viver da escultura.

P - Como o Sr., consegue a madeira hoje em dia?
Bigode - Eu busco no mato. É proibido, mas eu sou escultor desde criança. Uma árvore que você tira por ano, não faz mal à mata. Ela brota de novo. Quando peguei minha primeira medalha de ouro no Paço das Artes em São Paulo, eles me deram esse direito. A gente aprendeu a fazer a árvore brotar novamente... Depois ganhei várias outras medalhas e prêmios, com o "Remo Caiçara" e o "Arrependimento de São Pedro". Só fiz dois São Pedros na minha vida, sentados, chorando, que me deram as medalhas de ouro. Os dois estão no Mato Grosso.

P - Além de escultor, o Sr. É corredor...
Bigode - Corri vinte anos a São Silvestre e seis maratonas. Participei a última vez da São Silvestre há quatro anos. Não fui mais, por falta de apoio.

P - O que o Sr., está achando do leilão que vai acontecer dia 8?
Bigode - Acho bom. Fiquei contente de rever as peças, de 30, 35, até 40 anos atrás. Contente pra caramba. Restaurei todas as peças.

P - Como define o escultor ?
Bigode - O escultor não sabe o que está fazendo, ele é leigo. Quando pega a madeira, não sabe o que vai fazer. Aos poucos você vê a forma. As vezes é um estalo, vem na imaginação. Aí faço o traço, desenho na madeira.

FONTE
Jornal A Cidade - 30 de dezembro de 1993

ATUALIZAÇÃO
O escultor Antônio Teodoro de Souza, Bigode, nasceu em Ubatuba no dia 18 de dezembro de 1932. Já fez mais de 5.200 peças.
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