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Ano 1 - Nº 9 - Ubatuba, 14 de Junho de 1998
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· O Óculos do Marcimiano
· Litoral Norte, qual seu destino?
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· O Óculos do Marcimiano
    Fátima Aparecida Carlos de Souza
    articulista@ubaweb.com

Quando se fala em pescador, imagina-se que todos sabem nadar. Não é bem assim, como toda regra, tem exceção. Este caso não poderia fugir à regra.
A vida normal de tempos idos era levantar de madrugada e ir pescar de canoa. Às vezes sozinho, às vezes com os camaradas de rede. Quase sempre era bem mais seguro pescar em grupo. As vantagens eram muitas. Uma delas era ter os companheiros por perto quando de um possível naufrágio e se ter a infelicidade de não se saber nadar.
Tibúrcio era um desses sujeitos. Sempre saiam na mesma canoa, ele e o Marcimiano, que, de uma hora para outra, começou a sentir a vista meio atrapalhada. Quase que não enxergava mais as costuras da rede. Orientado por um cidadão qualquer, Marcimiano procurou o único médico de olhos da cidade, o Dr. Guilherme, que o orientou e forneceu um par de óculos para melhorar a visão de Marcimiano.
Madrugada seguinte saiu pro mar a canoa Itapuá, levando a bordo o Tibúrcio e o Marcimiano que, todo prosa e desajustado, ostentava o presente. Mal começaram a lançar a rede de arrastão e o mar começou a ficar revolto. Num descontrole de Marcimiano, o óculos escapou-lhe do rosto e caiu dentro d'água. Nem Tibúrcio, nem Marcimiano sabiam nadar, quanto mais mergulhar.

Saída para a pesca - Foto: Pedro Paulo Teixeira Pinto

Terminaram de lançar a rede e inciaram o regresso. Como todo arrastão que se preza, havia muitas pessoas esperando na praia para ajudar e foi justamente quando a rede finalmente chegou na areia da praia que um brilho intenso e ofuscante, vindo do meio dos peixes emalhados e do cisco arrastado do fundo do mar, surpreendeu a todos... Era o óculos do Marcimiano! Sim, era o óculos do Marcimiano que estava a embelezar os lindos olhos arregalados de um siri santola!Fim do texto.
· LITORAL NORTE, QUAL SEU DESTINO?
    Herbert Marques
    hmarques@iconet.com.br

Litoral Norte Paulista - Foto: INPE

Há muito venho-me perguntando qual o destino que a política atual pretende dar ao litoral paulista. Com a criação do Parque Estadual da Serra do Mar pelo Decreto 10.251, de 30 de agosto de 1977 e posteriormente pela resolução 40, que originou o Tombamento da mesma região, o Estado de São Paulo vocacionou naqueles documentos toda essa região compreendida entre o Estado do Rio de Janeiro e o do Paraná para aquilo que chamou, finalidade de "assegurar a integral proteção à fauna, à flora, as belezas naturais, bem como sua utilização para objetivos educacionais, recreativos e científicos", sem contudo, depois desses vinte e tantos anos, ter movido uma palha sequer no sentido de por em prática aquilo que havia proposto fazer.
Sobrou sim, um número enorme de ações de desapropriação indireta no Poder Judiciário, cada proprietário reivindicando o pagamento daquilo que lhe foi retirado por força daqueles atos administrativos, ações essas até agora poucas delas julgadas, mas todas sinalizando números astronômicos, haja vista o tempo da demanda e a resistência do Estado, sempre endividado com outros compromissos, nem sempre tão nobres quando o da implantação do Parque da Serra do Mar.
Enquanto isso, sem pagamento para aqueles a quem é devido e muito pior, sem a efetiva implantação do logradouro público, paira na cabeça de todos nós a incógnita sobre a nobreza daquele ato aparentemente revestido de tamanha boa intenção.
Ademais, temos que levar em conta tratar-se de um empreendimento iniciado no Estado de São Paulo, havido como a unidade da Federação de maiores recursos, quer financeiro, quer econômico e até cultural, razão pela qual há de se questionar o futuro desse Parque, sua implantação e o custo-benefício que ele geraria para toda a sociedade, objetivando com isso saber se podemos ou não suportar todo esse sacrifício em troca daquilo que se propõe propiciar.
Por outro lado, nesses vinte anos de restrições em toda a região, somente a cidade de Santos, Praia Grande e Guarujá puderam ter seu desenvolvimento normal, facilitado pela topografia que permitiu estar excluída da área destinada ao questionado Parque. As demais, praticamente encostadas na área delimitada, ou algumas delas com suas praias e até núcleos residenciais inteiros incluídos, passaram a sofrer todo tipo de restrição, seja para implantação de infra-estrutura de turismo, vocação natural da região, seja para a própria ocupação pelas pessoas que habitam a região, tornando-as semi favelas, onde a desordem urbana é uma constante.
Certamente esta situação não poderá perdurar por toda a eternidade, mesmo porque, praias, matas, cachoeiras e demais ornamentos providencialmente elaborados pela mãe natureza, não tiveram sua destinação prevista para o nada, ou para coisa nenhuma, mas sim para o homem, este mesmo inventor de decretos e resoluções, nem sempre felizes, embora algumas vezes com boas intenções.
Se a ocupação ordenada não é possível em nome da preservação para as gerações futuras, saibam que a desordenada pode perfeitamente tomar seu espaço, principalmente em local onde o interesse está tão somente na ficção, ou pior, num decreto ou numa resolução.Fim do texto.

· E-MAIL
    ...em homenagem a Adriana Miyazaki de Moura
    Jobàn
    articulista@ubaweb.com

Havia uma menina...
Havia uma menina ali...
Havia uma menina ali e era feliz
e eu vi que era feliz
pelo seu amplo
brilhante
e esplendoroso sorriso...
Havia uma menina ali
era feliz e brincava...
...não brincava com uma boneca
ou um urso de pelúcia...
...seu brinquedo
pela radiosidade estampada
em seu rosto
parecia que era o Mundo todo............
............e............
...o seu brinquedo
era o Mundo todo
projetado em uma tela!Fim do texto.

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