Outro dia, de manhã, lavava roupas. Era um dia atarefado e queria aproveitar o sol quando a campainha tocou. ”Quem será?”, pensei, amigo não é porque chamaria pelo nome. “Imaginei”: deve ser religião... e me preparei para educadamente não delongar a conversa. Acontece que eu já joguei tempo fora até chegar à conclusão que fé e crenças cada um tem as suas: para quem bater a porta se abrirá! Então atendi a pessoa com pouca conversa: - Pois não? - perguntei. A moça, com a bíblia na mão, começou a falar e eu logo a interrompi: - Me desculpe mas estou sem tempo hoje... Ela prosseguiu meio sem intenção de deter-se, então, interrompi novamente: - Olha me desculpe mas sou católica... - Eu só queria ler um versículo para a senhora. - Só um versículo? Só um versículo pode, afinal a bíblia é a mesma para todos os cristãos. Ela então a abriu aleatoriamente, escolheu um versículo e juntas lemos mais ou menos isto: “Declarações afáveis são como mel... curam até as doenças dos ossos.” A moça despediu-se dizendo que eu a havia recebido com declarações afáveis... ainda bem que ela sentiu assim! Fiquei pensando: a cura dos males do ser humano não está apenas nas mãos dos médicos, dos remédios e do sistema de saúde? As palavras que falamos podem nos curar? Para falar afavelmente é condição estar com o coração cheio de amor ao próximo? Com certeza sim, concluí, enquanto pendurava as últimas peças de roupa no varal.
Nota do Editor: Mariza Taguada, professora de profissão e artista de coração, é paulistana e moradora de Ubatuba (SP) desde os velhos tempos.
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