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COLUNISTA
Rui Grilo
19/05/2012 - 09h00
Ubatuba - mudar para não mudar
 
 

Tancredi, um personagem do “Leopardo”, famoso romance de Tomaso di Lampedusa, ao perceber as transformações sociais do final do século XIX, conclui: "se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude".

Me lembro dessa idéia ao interromper um sonho em que alguém está preocupado com a construção de casas populares no centro da cidade, propondo a construção na periferia. Isso deixa claro a luta pela manutenção de privilégios e contra o direito da maioria. Deixa claro a falta de democracia na distribuição de espaços.

E começo a lembrar do centro de São Paulo, com inúmeros prédios abandonados enquanto os conjuntos habitacionais são construídos cada vez mais longe exigindo gastos públicos cada vez maiores para a ampliação da infraestrutura urbana de saneamento e serviços, reduzindo cada vez mais as áreas verdes e agrícolas.

Tal como na Capital, aqui em Ubatuba toda a população financia obras de infraestrutura urbana que valorizam os terrenos e construções do centro e estimulam a especulação imobiliária. Nas áreas com melhor infraestrutura encontramos muitas residências fechadas e terrenos abandonados que ocasionam muitos problemas, dificultando o controle da dengue, de outras pragas e epidemias.

Enquanto isso, há falta de habitações adequadas e terrenos disponíveis para habitações populares levando à ocupação de áreas de risco em beiras de rios e nos morros, degradando o meio ambiente e com conseqüências desastrosas para todos.

As obras de infraestrutura urbana são financiadas por todos; no entanto são executadas nas regiões onde residem pessoas de maior poder aquisitivo. Ao agregar valor aos terrenos e construções, enriquece uma minoria, excluindo a maioria que não tem poder aquisitivo, contrariando a função social da propriedade preconizada pelo Estatuto da Cidade.

Todas as tentativas para reverter essa situação enfrentam grandes resistências por parte daqueles que não querem repartir o espaço com o povão. Mas como as elites dependem do voto da maioria para ocupar os espaços de poder onde se garantem seus privilégios em lei, ilude-o com promessas não cumpridas ou atendendo em parte as reivindicações como se fosse um favor e não um direito essencial para a sobrevivência.


Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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