Ai Ubatuba como dói te ver assim, em contraponto extremo, entre a cidade e o mar, entre a cidade e a serra, entre a cidade e o sertão, entre a cidade e a mata (a Atlântica viu?), entre a cidade e os bichos silvestres e caseiros. Ai Ubatuba como dói pensar o que diriam nossos antepassados tupinambás que morreram protegendo suas terras, suas riquezas, seus pássaros, macacos, cotias, tatus, suas árvores, seus guapuruvus, vendo-te assim tão maltratada, tão desvalorizada pela ignorância de uns e ganância de outros. Ai Ubatuba como dói ver um horizonte de mar aberto, uma lua cheia nascendo imensa e amarela e depois olhar sua gente tão triste e pobre, vivendo numa cidade suja, feia, mal cuidada, desleixada. Ai Ubatuba como dói nem poder sentar nas tuas areias cheias de micoses criadas por tanto cocô de cachorro sarnento ou de madame, pois tanto faz. Ai Ubatuba como dói não ter um carro e depender dos ônibus de uma empresa tacanha, antiga que não sabe nem que é preciso o mínimo de respeito para com aqueles que a sustenta. Ai Ubatuba como dói ver seus habitantes fugindo do estudar, do aprender, do crescer, do melhorar-se, pois a cidade reflete a forma de pensar e de agir da maioria de seus cidadãos. É duro ver como a inconsciência e a falta de objetivos e ações em prol das necessidades coletivas detonam persistentemente tudo que a natureza com tanta generosidade dá. Ai Ubatuba como dói ter que ouvir de novo "de nada vai adiantar"!!!
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