Muita água - desta vez em copinho, matou a sede da criançada, da professorada, da mãeepaizarada, da politicarada e dos munícipes restantes que, na manhã do feriado, foram pra avenida ver o desfile de aniversário da cidade. Fazia tempo que eu não ia. Saltei do ônibus em frente a Câmara e segui pela avenida em direção ao aeroporto onde encontraria meu pessoal. Nesse momento tocava a banda da Polícia Militar, o nosso hino, com sua melodia maravilhosa e emocionante e sua letra impossível de não cantar. Embalada pela música, atravessei a avenida por trás das arquibancadas. Pois é... arquibancadas! Surpreendi-me e gostei, afinal não é mole ficar em pé tanto tempo. Logo localizei os alunos posicionados em frente à praça do skate, no número 40 desenhado no chão. Aliás, vale os parabéns pela organização. De minha parte não vi nenhum incidente, nenhuma confusão, ninguém gritando, estressado. Água a vontade e ofertada com sorrisos e gentileza. Nota cem! É claro que é cansativo, demorado. Chega uma hora que todos começam a ficar impacientes. Parece que até isso foi calculado, pois quando os alunos começaram a perguntar: vai demorar? A fila andou e lá fomos nós. Enquanto esperávamos... Ficamos lá vendo como Ubatuba cresceu! Quantas crianças! Quantas escolas! Quantas entidades! Quantos grupos organizados! Que legal! A esperança se renova! O clima entre nós era festivo... Os meninos e meninas da vela, da capoeira, o berimbau e os pandeiros, os da puxada de rede e do maculelê, as meninas da dança com a camiseta amarela; os do teatro uns de camiseta outros de roupa preta mas, todos de rosto pintado; foram organizados em fila recebendo as últimas instruções. Só que a fila não andava. Nana, a professora de teatro autorizou-os a fazer o jogo do sombra brincando com as pessoas que passavam. Aí sim a coisa ficou divertida. É claro que, nós professoras, não fomos poupadas dos simpáticos sombras que, aliás mostraram o talento que possuem. E por falar em talento, os outros também queriam mostrar o que aprenderam, partindo deles a sugestão de fazer algo. Adriana, a pro de dança, rapidinho ensaiou a coreografia e o Nerci, pro de capoeira organizou a batida do maculelê. Pena que na hora da avenida passamos andando, quase correndo, sem espaço para desfilar, mostrar o que tínhamos pra mostrar. Nossa presença foi marcada pela ação dos sombras, que contracenaram com o público, divertindo-os com suas brincadeiras. Parabéns para os sombras Adalberto, Jeremias, Caio e Paulo que arrasaram. Os outros sombras mais tímidos também tentaram se soltar.Valeu! A Mariele quase morreu de calor mas agüentou firme até o final. No final do desfile me perguntou: - Professora, já acabou ou nós ainda vamos voltar do outro lado? - Acabou -respondi. - Então já posso tirar essa roupa? - Pode. O Rudson superou sua vergonha de estar sem camisa. Ele mesmo me falou, todo contente: - Professora eu tô brincando! Não briguei com ninguém!!! A Dalva tirando as fotos (queremos ver!), tirou uma de uma sombra que segurava uma máscara do sol. Sorriu para a foto e falou: estou muito feliz!!! O comportamento deles foi nota cem. Só na hora de ir embora, quando o ônibus parou é que todos queriam entrar primeiro, ao mesmo tempo, e a Dalva teve que gritar para contê-los. Quando saíram para o desfile, olhei para trás e não vi sequer um copinho de água jogado no chão. Nossa caixa para o lixo, feita com a ajuda dos alunos, estava cheia. Também não vi as outras professoras descabeladas, se acabando de gritar, não. Vi muita criança obedecendo, se comportando, fazendo com alegria sua parte, cumprindo seu dever de cidadania. Por isso gosto de ser professora, porque é importante e porque a educação prova que é o caminho para um ser humano melhor. Ubatuba, parabéns! Nos teus 368 anos nem tudo está perdido pois a chama da esperança cresceu!
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