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"Ó de casa da licença, aqui viemos pra cantar o nosso Reis..."
"Ó da licença pra enfeitar a companhia..." Assim, pedindo licença para respeitar as tradições nasce uma nova companhia de Reis, para anunciar em versos e prosa o nascimento do menino Jesus. "Ponha nove rosas, ponha nove cravos, pra ficar bonito..." Assim cantando, tendo a bandeira de Nossa Senhora Aparecida na frente chegamos na casa caiçara do seu Maneco Hilário. "Se aqui somos bem-vindos abra a porta e acenda a luz..." Assim fomos recebidos nessa casa e sentimos o que nossos pais, avós, bisavós e tataravôs devem ter sentido quando receberam as folias de reis. "Minha casinha é de sapê, de bambu trançado e barro pisado..." Assim nossos olhos marejaram e nossos corações enterneceram-se quando as lágrimas rolaram na face do seu Maneco, capaz de emocionar-se ainda no dia de seu aniversário de noventa e sete anos. "Vamos preparar a nossa viagem seguir a estrela guia..." Assim seu Maneco, rodeado pela grande família, cercado pelo carinho de netos e bisnetos de todas as idades e de amigos de toda a vida, como Dona Ophélia, mostrou não um homem fragilizado pelos seus tantos anos, mas um homem forte, sustentado pela sua fé, capaz de agregar tanta gente à sua volta. "Nosso Reis já vai s’embora, vai cantando a despedida..." Assim com voz embargada , olhos úmidos e coração transbordante deixamos aquela casa caiçara, pedindo a Deus que nos dê paz e saúde para voltar no outro ano. "Mas promete no presépio de voltar em outro dia..." Assim nasceu a Companhia de Reis d’O Guaruçá!
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