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Ano 1 - Nº 5 - Ubatuba, 15 de Fevereiro de 1998

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· Caraguatatuba - Resumo Histórico
· A Folia do Divino em Ubatuba
· O paraíso no deserto e o deserto no paraíso
· Poesias
· Figurinhas Carimbadas
· Projeto Turis, dinheiro jogado no lixo
· Bloco da Caxorrada
· Carnaval 98 - Escolas de Samba de Ubatuba
· Ubatuba, RJ - BR
· Notas sobre Nota$   :-)))
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· Caraguatatuba
   Resumo Histórico
    Guia Rio-Santos Tour
    mkm@iconet.com.br

O nome Caraguatatuba pode vir da abundância do caraguatá, uma bromeliácea comum na área. Ou de curaá-hat-ybo, que em tupi quer dizer enseada com altos e baixos. Tornou-se município em 1857, e Estância Balneária em 1947.
Caraguatatuba está situada na baía delimitada pelas pontas do Camaroeiro e do Arpoador, marginada por uma praia de 13 km.
Vista Parcial de Caraguatatuba - Foto: Emílio Campi No início do século era ligada a Paraibuna por estreito caminho, por onde chegavam tropas de burros carregadas de fumo, rapadura, carne de porco, toucinho etc. Comerciantes vinham de Paraibuna, São Sebastião, Vila Nova e regiões próximas, para negociar seus produtos.
Acredita-se que a fundação da vila tenha ocorrido entre 1653 e 1654, quando era governador da Capitania de Nossa Senhora de Itanhaém o capitão João Blau, que ficou no posto de 1653 a 1656. A donatária era a Condessa de Vimieiro.
Em 1807 os moradores já haviam todos abandonado a vila. De acordo com os autos de tomadas de contas das capelas, registrado no Cartório do 1º Ofício de São Paulo, o Ouvidor-Geral Joaquim Procópio B. Salgado, tendo saído em 20 de outubro de 1806 em correição pelas vilas da Marinha, e interrogado o administrador da então capela de Santo Antônio de Caraguatatuba sobre a criação da mesma, teve a seguinte resposta: "Não consta e não tenho notícia da criação da capela nem de quem foram seus os fundadores, e sim de que foi a vila que desertou, mudando-se seus moradores para outra parte."
Quarenta anos após a correição, Caraguatatuba progrediu e foi elevada à categoria de freguesia. Isso aconteceu a 16 de março de 1847, data em que se celebra atualmente o aniversário da cidade. Foi elevada a município em 1857, e tornou-se Estância Balneária em 1947. A Comarca foi criada em 1959 pela Lei nº 5.282 e instalada em 23 de setembro de 1965.Fim do texto.

· A Folia do Divino em Ubatuba
Pedro Paulo Teixeira Pinto
articulista@ubaweb.com

Grupo Folia do Divino - Fundart - 1986 - Foto: Pedro Paulo Teixeira Pinto

Trazida de Portugal pela Rainha Isabel, nos fins do século XVII, a Festa do Divino Espírito Santo ou Festa de Pentecostes, é uma das mais antigas tradições profano-religiosas do Brasil. Pela atuação de vários fatores adversos, a Folia do Divino, em Ubatuba, não sai mais, ainda permanecendo viva na cidade vizinha de Paraty no Estado do Rio de Janeiro.

A Enseada era um bairro habitado exclusivamente por famílias de pescadores. As casas, de pau-a-pique, chão de barro batido, cobertas de sapé. Luz de lamparina, água de cachoeira carregada em pote para uso doméstico. Sobre tarimba de bambu, esteira de taboa completava a cama.
Na pesca, a atividade principal dos homens. As mulheres davam conta da roça.
Peixe, mandioca e banana eram a base da alimentação, enquanto danças como o Xiba, São Gonçalo, entre outras manifestações típicas, sustentavam as necessidades de entretenimento.
A ausência acentuada do pároco era remediada pelo humilde e dedicado capelão que reunia a comunidade para rezar na capela de Santa Rita.
Boitatá, saci-pererê, corpo-seco, mula-sem-cabeça, assombração, faziam parte do imaginário coletivo e podiam castigar criança desobediente e mesmo adultos.
Mau olhado e quebranto eram afastados pela competência das benzedeiras. Uma delas, dona Sarafina, velhinha, pito no canto da boca, de cócoras, à beira do braseiro do fogão feito no chão, contava longas histórias de meter medo.
Para chegar à cidade, hora e meia a pé, por trilhas e praias, sobre sempre pés descalços.
Nesse cenário, criança, conheci e convivi com a Folia do Divino Espírito Santo, maior festa anual de toda a comunidade caiçara. Durante sua permanência no bairro, todos os dias, de manhã à noite, com a roupa melhor que tinham, todos participavam, casa em casa, da romaria do Divino. Era o grande ato de fé da comunidade.
· OUTROS TEMPOS
Em 1974 a Folia não saiu. "O trabalho da Igreja, atualmente, é mais o de evangelizar, e hoje não há a possibilidade dessas festas se realizarem, pois é um ato religioso que não é mais entendido pelo povo", justificou-se o Vigário da época.
O interesse em resgatar essa importante tradição da cultura caiçara, reuniu algumas pessoas, como a Zenaide, dona Ofhélia e eu, que empenhamo-nos bastante para reviver o evento.
Em 1975 conseguimos que a Zenaide fosse a Festeira e garantimos, não sem luta, a saída do grupo da Folia, e toda Ubatuba recebeu a visita do Divino. Em 1976 foi a minha vez. Vencemos a fase crítica e finalmente a resistência da Igreja. Com a vinda do novo pároco, Frei Sebastião, sensível às manifestações populares religiosas, a Folia se firmou de novo. Contudo, sem o antigo brilho, dentro de uma nova realidade, cada vez mais adversa.
A influência crescente das religiões evangélicas, da atividade turística, da mídia eletrônica, determinaram profundas alterações no perfil de nossa população, hoje formada preponderantemente por migrantes aqui chegados em função da construção civil.
Hoje a Folia do Divino não sai mais, a partir do ano passado, e a razão principal é a falta de foliões. Os que não morreram estão muito velhos e a renovação não encontrou ambiente propício para acontecer.
Jaime Rodrigues em seu artigo "Observações Sobre a Cultura Popular" diz assim:" Uma conseqüência desse admirável mundo novo é a internacionalização do produto artístico-cultural. Isso quando não fortalecidas as culturas nacionais, a conduzem para o aniquilamento ou para a subversão, mediante a simbiose com manifestações alienígenas".Fim do texto.


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