Ubatuba, nos últimos tempos, no que tange a carnavais, passou por um marasmo bravo. O caso é que esta história de trio elétrico além de matar nossa forma ingênua de pular o carnaval, ainda introduziu uma certa pitada de selvageria, pois a forma como se brinca o carnaval sob os auspícios de ritmos frenéticos desta modalidade carnavalesca, não raramente, temperada ao excesso de álcool, produziram o maior Iraque ao longo desses anos, em nossa avenida principal, em síntese um carnaval nada edificante, para não dizer degradante. Enfim esse ano, parece que pudemos vislumbrar uma luz no fundo do túnel, ou seja, a começar pela ornamentação da avenida Iperoig, simples, humilde, mas que já se podia perceber uma certa pitada de criatividade e bom gosto e, com alívio, pudemos ser brindados com a volta de animados blocos, especialmente o bloco O Guaruçá, (bloco do Julinho, um baluarte que luta incessantemente pela preservação da cultura caiçara) tão recheado da chama forte e alegre de nosso tão judiado folclore e o enternecedor bloco da Ofélia, composto em sua maioria por pessoas da terceira idade, muito animado ao som de sensacionais marchinhas de carnavais. Vivemos aqui em Ubatuba a nos perguntar, como São Luiz do Paraitinga consegue atrair tanta atenção, sendo uma cidade sem maiores estruturas, e aqui não vai nenhum desapreço a São Luiz, que sem dúvida é divinamente agradável e receptiva, mas que reitero, não conta com uma rede hoteleira, restaurantes e pousadas, ao menos de porte médio... A reposta não quer calar e é até meio simples, São Luiz manteve suas tradições preservadas integralmente, pelo que pudemos perceber no que tange a esta questão, jamais transigiram e é com elas que se tornaram vigorosos, fortes e conseguem em termos de sensibilização turística, inclusive, deixar para trás as cidades do litoral, que possuem estrutura hoteleira, de restaurantes e pousadas infinitamente superiores, para não falar das inúmeras e deliciosas praias. Ocorre que o turista vai a São Luiz para conhecer a verdade de seu povo, seus folguedos, suas manifestações religiosas autenticas e têm sua expectativa correspondida, nesse sentido, estão sempre voltando à fonte que os revigora e lhes proporciona felicidade, pois que, como está escrito na bíblia, "Conhecerás a verdade, e ela o libertará". Esse ano, o carnaval de Ubatuba, com seus blocos populares, foi sem dúvida um alento, um sinal de que talvez, estejamos resgatando a folia gostosa e mais afeição por nossa cidade, e quem sabe, temos esperanças, no próximo ano o carnaval já esteja recheado de ingênuos mascarados, blocos de lamê e os boizinhos, de tão saudosas lembranças, como os do Veiga, do Perequê-Açú, do Itaguá... E, mesmo até, possamos assistir a uma sensacional briga de bois de carnaval, como as que ocorriam naqueles bons tempos de uma Ubatuba mais autêntica.
Nota do Editor: Aládio Teixeira Leite Filho é natural de Ubatuba e se auto-intitula: "um escrevinhador caiçara".
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