Sentei-me sozinha num banco de praça sorvete na mão, mormaço praiano clima típico da minha cidade O sorvete derretia, freneticamente e eu não ligava pra lambança eminente em transe, perdi-me no meu devaneio Na minha lembrança uma imagem me veio Momento raro de singela felicidade Eu, numa praça de outra cidade sentada ao lado de um moço bonito sonho eterno, meu amor infinito Bocas geladas, sabor de sorvete Ingênua doçura, momento em falsete cheguei a pensar que seria eterno ilusão antiga num romance moderno Hoje o menino de cabelos compridos é um vulto louro de momentos idos eu me sento só neste outro banco minha vida parece um sonho em branco chocolate meio-amargo em minha boca de repente acordo da viagem louca o sorvete escorria por entre meus dedos tristezas, saudades, lembranças e medos Chuva fina nublava meu vago olhar náufrago perdido, boiando no mar passarinho azul posou na bicicleta pertinho, fitou-me de forma indiscreta Meus lábios sorriram, involuntariamente olhei o passarinho parado em minha frente A vida é bela, mesmo quando estou triste O tempo não para mas a alegria existe
Nota do Editor: Aline Rezende é jornalista, meio poeta, um tanto quanto caiçara e completamente utópica.
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