Outro dia li num site a seguinte manchete: “Baleia assassina é o mamífero mais poluidor do Ártico”. Instantaneamente, me veio um pensamento idiota invasor que disse: “E eu, que achava que assassino e poluidor era o bicho homem...” Em seguida, o texto dizia: “Os cientistas descobriram que a gordura das baleias assassinas, está repleta de bifenilas policloradas (PCBs), pesticidas e até mesmo um produto usado em carpetes. Os PCBs são amplamente usados em produtos elétricos e refrigeradores”. Novamente, o pensamento idiota invasor: “Puxa, e eu que não sabia que gordura de baleia servia de matéria prima para se fazer carpetes e refrigeradores!” Mais adiante, o texto explanava: “Baleias assassinas são os mamíferos mais tóxicos do Ártico, região permeada de elementos químicos domésticos do mundo inteiro” Aaaaaahn... Peraí!!! Primeiramente, segundo o dicionário, assassino é aquele que mata deliberada e traiçoeiramente ou com premeditação; com violência ou traição. É, ainda, aquele que extingue, destrói, aniquila, causa perda ou ruína. Que eu saiba, baleias não têm essa ardilosidade. Depois, o verdadeiro nome da “baleia”, é “Orca” e, além disso, nem baleia ela é. É golfinho! Ela só leva essa má fama, porque, além de ser grandona, ela come diversas espécies marinhas, inclusive baleias e tubarões. A única coisa que a assemelha ao homem é o fato de ser topo da cadeia alimentar. A mesma pesquisa que acusa a pobre Orca de ser poluidora, tóxica e assassina, diz que o Ártico é hoje “uma fossa química, que guarda substâncias usadas em nossas casas todos os dias”. As Bifenilas Policloradas – PCB’s, por exemplo, não são inerentes à gordura da Orca, como o pensamento idiota supôs. São substâncias tóxicas não biodegradáveis, que permanecem intactas por muitos anos no meio ambiente. É um tipo de substância que se acumula nos tecidos vegetais e animais. Essas porcarias são cancerígenas e representam um risco efetivo à saúde de homens e animais. Já os pesticidas, segundo a Wikipédia, “são substâncias químicas que têm como objetivo matar, repelir, regular ou interromper o crescimento de pragas. São consideradas pragas: insetos, ervas, pássaros, mamíferos, peixes e micróbios que competem com os humanos pela obtenção de alimentos”. Essa definição só vem corroborar com a idéia de que o homem é o verdadeiro assassino. Ele extermina tudo o que compete consigo na obtenção de alimentos e depois acaba exterminando a si mesmo, direta ou indiretamente. O pior é que a “fossa química” em que se transformou o Ártico está se descongelando. Um dia, iremos todos morrer, charfundados na nossa própria imundície, porque a ganância e a pretensão nos impede de sermos menos consumistas. Radicalismo? Talvez... mas a pobre Orca não tem nada a ver com isso...
Nota do Editor: Aline Rezende é jornalista, meio poeta, um tanto quanto caiçara e completamente utópica.
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