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· Parque Estadual da Serra do Mar
Eduardo Antonio de Souza Netto
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Tenho notícias de que conterrâneos, caiçaras do Camburi, praia de Ubatuba que faz divisa com o estado do Rio de Janeiro, estão passando por sérias dificuldades de subsistência, devido à criação do Parque Estadual da Serra do Mar. Uma portentosa estupidez, porque até agora nem mesmo os responsáveis por esse projeto sabem de quem deve ser preservada a Mata Atlântica e seus ecossistemas.
Os caiçaras da região norte do município, antes da abertura da BR-101 e da sanha da especulação imobiliária, que fez com que a maioria deles deixassem suas terras ou a entregassem por preços irrisórios, sempre souberam comportar-se em perfeita sintonia com a natureza, vivendo da pesca, da caça e de uma agricultura de subsistência. Os caiçaras, que nunca ouviram falar de ecologia e de ambientalismo, sempre souberam respeitar, por várias gerações, o prato em que comeram.
Com a criação do Parque Estadual da Serra do Mar e conseqüente legislação ambiental, os caiçaras que resistiram e se mantiveram em suas terras, acabaram tolhidos de disporem de suas legítimas propriedades e hoje se vêem sem perspectivas, desesperançados e, como no caso dos moradores do Camburi, passando por terríveis necessidades. Não lhes foram possibilitadas nenhuma alternativa econômica ou social. Estão impedidos até mesmo de fazer um roçado para plantar o milho ou a mandioca. Essa situação não é de hoje e me espanta que haja tanta indiferença por parte das pessoas e dos órgãos responsáveis. Não entendo a posição desses ambientalistas de meia-tigela, esses escoteiros de cidade grande que não conseguem ver que a natureza é meio, não é fim absoluto, que ela só tem sentido na dimensão humana. Por que não se contemplaram as comunidades caiçaras que habitam ao longo da Serra do Mar com projetos de auto-sustentação em seus próprios hábitat? Por que não aproveitaram esses caiçaras, que conhecem com as palmas das mãos todas as trilhas, todos os rios, cachoeiras, espécimens da fauna e da flora, como zeladores da Mata Atlântica? Por que não os contrataram para serem guias no tal do turismo ecológico, para serem trilheiros ou, então, para serem uma espécie de vigilantes, uma guarda ou polícia montada. Não precisaria ser igual à do Canadá, com aqueles uniformes vermelhos, vistosos, não! Poderia ser algo mais simples e que funcionasse. Tenho certeza de que faria os caiçaras sentirem-se orgulhosos e, ainda por cima, ganhariam o sustento da família. E isso não exige muito investimento, nem tanta parafernália burocrática, como soe acontecer onde órgãos públicos estendem os tentáculos. Dizem que uma instituição alemã vai investir na preservação da Mata Atlântica, fica aquí minha sugestão.
Cuida melhor da terra não quem a vê apenas como cenário bucólico ou como mercadoria, mas quem com ela tem vínculos culturais, históricos e dela depende para a subsistência. Toda essa questão é muito bem abordada em um artigo - A dimensão política e a consciência ambiental - do jornalista Franklin de Oliveira, na Revista Pau Brasil, em que diz: "Porque se colocarmos a devastação da natureza nos exclusivos termos de devastação de ecossistemas, estaremos nos utilizando dos desequilíbrios ecológicos para escamotearmos os desequilíbrios sociais que estão por trás deles." 
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