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COLUNISTA
Nenê Velloso
18/07/2005 - 09h00
Construindo o passado - 1964-2004 - 5/8
 
 
Esperando a futura Rio-Santos - BR-101
Nenê Velloso 

No projeto Matarazzo, além da demolição das casas da rua Guarani / avenida 9 de Julho, para dar lugar a grande avenida da Orla, com 4 pistas, ligando o trevo do rio Indaiá, ao canto do Itaguá, no rio Acaraú, e mais a interligação da rua Rui Barbosa, que se encontrava parada na avenida Milton de Holanda Maia, no jardim Esplanada, com a rua São José dos Campos, porque entre elas, existiam duas áreas ainda não loteadas, e hoje, ainda existe uma. No projeto da malha viária, projetamos o seu prolongamento natural, se interligando com a rua São José dos Campos e Guaicurus, formando uma via expressa, Cidade - Itaguá.

Para a desgraça da nossa malha viária, e conseqüentemente da cidade, 8 anos depois foi dado entrada na Prefeitura, o projeto de loteamento, denominado Jardim Paula Nobre, a submeter à aprovação, através do processo nº SO/4959/75 no governo Basílio, e só foi aprovado pelo engenheiro Rezende, aos 26 dias após a posse do governo Nélio, em 26/01/77. Para ficar 2 anos na gaveta... boa coisa não era. E não foi! Sendo o engenheiro Rezende, o primeiro pós Matarazzo, ignorou o prolongamento natural da rua Rui Barbosa, e também não obedeceu a diretriz traçada no Plano Viário, que era de seu conhecimento.

A linha pontilhada (no croqui acima) indica a projeção. Esta foi uma aprovação consciente, em beneficio do loteador, e contra a cidade, concordando com o desvio da rua Rui Barbosa, para a avenida Castro Alves, estrangulando a malha viária neste local crucial. A menos que o local da obstrução não seja de propriedade do loteador ou não estivesse incluso no plano de loteamento, mas se isso for comprovado, foi uma tremenda sacanagem com a cidade.

No aniversário da Cidade, em 28 de outubro de 1993, talvez por esse motivo ou outros, o nobre Comendador engenheiro Rezende, tenha sido agraciado pela Câmara Municipal de Ubatuba, com o título de "Cidadão Ubatubense", em merecimento pelos relevantes serviços prestados ao Município de Ubatuba. Quer mais?

Espero que o prefeito Eduardo César faça esta interligação. Agora, hoje, já, enquanto não há construção no local e não esqueça de me convidar para o dia da desobstrução. Eu gostaria de documentar este fato, em cima do trator, e, acionando a partida, para este dia importantíssimo para a nossa cidade, e assim, recordar o feito de abril de 1967 quando deu-se a abertura da estrada do Ipiranguinha. Fiovo Frediani era o prefeito, substituía Matarazzo, que se encontrava de licença por motivo de doença. Foi emocionante! Quando eu acionei a chave de partida do monstruoso trator de esteira Caterpillar - CAT- HD-11- só a lâmina, tinha 4,00 metros de largura.

Eu, sentado ao lado do tratorista daquela monstruosa máquina, que ia destruindo tudo que encontrava pela frente e ao mesmo tempo, deixando para traz, no seu rastro, uma bela avenida com 30 metros de largura, o que era apenas uma trilha. Assim era a administração Matarazzo, enxergando sempre além da linha do horizonte, ao contrário das administrações seguintes, que não conseguiram, e ainda não conseguem, enxergarem nem além da linha do jundu. E no decorrer de cinco mandatos pós Matarazzo, que foram: Dr José Alberto dos Santos, Celso Teixeira Leite, Basílio de Moraes Cavalheiro, Dr José Nélio de Carvalho e Benedito Rodrigues, em comparação ao Matarazzo foram tímidos demais, considerando que pegaram a máquina administrativa a todo vapor. Na minha opinião, o prefeito Basílio foi quem teve melhor desempenho, fez um governo razoável.

Esses prefeitos, não fiscalizaram, e ainda não fiscalizam as estradas municipais, que são invadidas pelos proprietários de lotes lindeiros, em descumprimento a lei 711/ 84, que diz no seu artigo 36: Qualquer edificação localizada ao longo das estradas municipais deverá observar uma distância mínima de 10,50 m do seu eixo, e mais 4,00 metros de recuo obrigatório. Existia também uma outra lei na década de 40, que no momento não me recordo o número, mas que falava que em todos os caminhos municipais deveriam ser observadas distância mínima de 12,00 metros, a partir do seu eixo, e de ambos os lados. A exemplo desse desrespeito, temos a estrada do Taquaral, que além de permitir os particulares, a própria prefeitura, no governo passado, construiu casas populares e uma escola. Esperamos agora, que um vereador iluminado, apresente um projeto de lei alterando esta distância, no mínimo para 25,00 metros, a partir do eixo de ambos os lados, de todos os caminhos e estradas municipais, para resguardar nossa malha viária para o futuro.

E, 22 anos depois, no governo Pedro Paulo, 1983 / 1988, a estrada do Ipiranguinha, foi asfaltado com larguras variáveis entre 5 e 7 metros, e com uma calçada irrisória, que o pedestre anda se equilibrando no meio-fio, e dividindo o leito carroçável, com automóveis, motos, bicicletas e carroças, faltando apenas, o saudoso carro de boi.

O desvio da rua Guarani, por dentro do terreno do aeroporto, de nada adiantou, dinheiro jogado fora, e o problema empurrado para frente. A pista foi asfaltada sem escoamento das águas pluviais, mesmo com um brejo ao lado. Só os restaurantes, ficaram no lucro, que terão mais vagas para estacionar na rua Guarani, com o desvio obrigatório do trânsito. O nosso projeto previa apenas um recuo da cerca do aeroporto de 5,00 metros, a partir da rua Liberdade, e rua Guarani, até a rua Guaicurus, proporcionando a esquina um raio mais suave.

Já, a Av. Leovigildo Dias Vieira, poderia ter mão única, e até dar-se ao luxo, de ser fechada para o trânsito nos fins de semana e feriado prolongado, desviando o trânsito para a rua Rui Barbosa e avenida Castro Alves, se fosse concluída essa interligação: rua Rui Barbosa / rua São Jose dos Campos. É fácil demais... É uma malha viária fantástica! Mas, a incapacidade operacional de nossos prefeitos, engenheiros e vereadores pós Matarazzo, que na sua maioria não fiscalizam nada, e os demais, calam-se, que na minha opinião, é pior, e quando o fazem, é tardio, ou por interesse pessoal, nunca em benefício da cidade, é só olhar o estado deplorável em que se encontra Ubatuba. Antes tarde, do quê nunca! O atual prefeito usou como slogan de campanha a palavra "RESGATE". Resgatar Ubatuba na amplitude da palavra é quase missão impossível, considerando o estado de destruição e abandono em que se encontra, mas, como nós temos um prefeito super-homem, vamos aguardar.

E 40 anos depois... Nada mudou, tudo piorou.


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Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail para thecaliforniakid61@hotmail.com.
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