11/09/2025  08h32
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
COLUNISTA
Aline Rezende
02/12/2005 - 10h03
O homem nu do Perequê-Açú
 
 

Não, isso não é mentira.
Eu vi um homem andando nu
Pela rua da praia do Perequê-Açú
Ia tranqüilo
sentindo a brisa do entardecer nos pêlos pubianos
além disso, uma leve garoa caía
o céu lá no horizonte estava cor-de-rosa
e um arco-íris coroava o morro da Barra Seca
O mar, sereno, espelhava toda a beleza do cenário

De repente...
um homem nu na minha frente
nem bonito, nem feio. Um homem normal.
Confesso: fiz questão de olhar
De frente e de costas para constatar
sua nudez que seguia, despropositada
deixando um rastro de pessoas atordoadas
sem reação, boquiabertas, literalmente
e eu, presenciava tudo aquilo
na contra-mão da história
Um acontecimento sem precedentes na vida
Embora povoe o imaginário de muita gente

Quem nunca sonhou que caminhava pelado,
Pela rua, no trabalho ou na escola?
Mas esse homem não parecia nada constrangido
Ele debochava da sociedade, explicitamente
Balangando de um lado para o outro sua indiferença
Fiquei a filosofar mentalmente a antropologia
O contexto psicofísicoeconomicosocial da situação
Imaginando o que o levou a fazer isso
Mas não tive a ousadia de perguntar
Também não acho que ele responderia
Mesmo porque, sem dúvida, seria uma looonga história
E eu não saberia como me portar nessa entrevista

Continuei pedalando rumo à minha casa
Sem saber o final do episódio
Meus pudores me impediram de seguir o homem
Que seguia determinado o seu caminho
Realmente não sei se pretendia chegar ao Centro,
mas o fato é que ele andou bastante e à vontade
Causando espanto na comunidade
Ao contrário do que se poderia imaginar
O homem nu do Perequê-Açú não causou alarido
Nem mesmo histeria ou violência, apenas um burburinho

Demorou para que alguém tivesse a idéia
de enfiar a mão no bolso, sacar o celular e discar 190
As pessoas pareciam não saber se era crime ou não
Andar pelado ao entardecer
sentindo a brisa nos pêlos pubianos
ao menos uma vez na vida
"esse rapaz só pode estar drogado!"
ouvi alguém profetizar
não sei se era bem isso
seu passo parecia firme, consciente, seguro

Gargalhei sozinha ao recompor tão insólito acontecimento
Que, afinal, tornou-se mais uma poesia-crônica
Curta-metragem sem fim, fragmento de vida
Só me restava dividir com o papel as impressões...

E você aí, navegante... qual a sua opinião sobre o episódio descrito acima?


Nota do Editor: Aline Rezende é jornalista, meio poeta, um tanto quanto caiçara e completamente utópica.
PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
ÚLTIMAS DA COLUNA "ALINE REZENDE"Índice da coluna "Aline Rezende"
20/07/2006 - 06h01 De coração em Ubatuba
11/03/2006 - 13h03 Egoísta
08/03/2006 - 14h10 O homem assassino e a baleia tóxica
29/12/2005 - 11h01 Carcinomanias ubathumanas
22/12/2005 - 13h05 Momento em falsete
08/12/2005 - 15h17 A verdade sobre o homem nu
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.